E aquele instante que se dá conta do ciclo sem fim no qual vive.
O rei aqui se poetiza na forma de rainha.
As peças mudam, mas a rainha permanece.
Não na mesma casa, mas por mais que passe um tornado de emoções pelo tabuleiro, ora preto e branco, ora colorido, lá está ela. Com alguns arranhões, as vezes cansada, mas nunca dominada pela derrota.
E os peões parecem se movimentar da mesma forma, com sutilezas de detalhes que apenas um bom observador consegue notar.
Por mais que lute, a rainha é derrotada pela rotina de suas ações periódicas, pensa ela. Não há outro motivo racional para consequências tão parecidas.
E no meio de tantas reflexões percebe que vive num jogo, um jogo tão racional que ela dotada de emoções ainda não aprendeu a se defender em meio dos ataques adversários, mas tão próximos e conhecidos de longas datas e de curtas também.
A rainha está encurralada. Todavia, seus pensamentos ainda voam.
Xeque mate.