Ciclo

27 Jun

E aquele instante que se dá conta do ciclo sem fim no qual vive.

O rei aqui se poetiza na forma de rainha.

As peças mudam, mas a rainha permanece.

Não na mesma casa, mas por mais que passe um tornado de emoções pelo tabuleiro, ora preto e branco, ora colorido, lá está ela. Com alguns arranhões, as vezes cansada, mas nunca dominada pela derrota.

E os peões parecem se movimentar da mesma forma, com sutilezas de detalhes que apenas um bom observador consegue notar.

Por mais que lute, a rainha é derrotada pela rotina de suas ações periódicas, pensa ela. Não há outro motivo racional para consequências tão parecidas.  

E no meio de tantas reflexões percebe que vive num jogo, um jogo tão racional que ela dotada de emoções ainda não aprendeu a se defender em meio dos ataques adversários, mas tão próximos e conhecidos de longas datas e de curtas também.

A rainha está encurralada. Todavia, seus pensamentos ainda voam.

Xeque mate. 

II

27 Jun

“ah, se você pudesse me ver

se você soltasse esse espelho
que segura quando me olha pra se defender
e me faz desbotado, vermelho
essa parede refletiva que se impõe diante da gente
cujo reflexo, na sua direção, te faz trocar o que sou pelo que fui, demente
cujas costas, na minha direção, me impede de enxergar que estamos a sós
ah, se não o colocasse o bendito diante de nós!
esse vidro sujo em metal
que aponta pra trás de você
que aponta pro que eu fui
que aponta pro eu, que fui
e que me mostra desigual
esse espelho que aponta o passado insano
esse espelho torto
ah, se você usasse suas unhas, ou seu coração, ou seu tutano
e arrancasse o metal do espelho, no perplexo
e raspasse o reflexo
e deixasse só o vidro
Ah, se você pudesse enxergar através do vidro
desse vidro que nos separa
o vidro mostraria a verdade
mostraria que o presente é melhor que o passado
esse vidro se afinaria
se quebraria
e a parede que antes havia
daria passagem ao que tua visão turva
daria passagem a esta distância curta
pra finalmente fazer o certo ao fim do dia.”

I I 

Palavras pequenas, palavras apenas…

27 Jun

“Falar é completamente fácil,
quando se têm palavras em mente
que expressem sua opinião.

Difícil é expressar por gestos e atitudes
o que realmente queremos dizer,
o quanto queremos dizer,
antes que a pessoa se vá. “

21 de novembro

27 Jun

Mais uma vez, coincidências viram rotina no meu ir e vir…
Encontrei, tremi.
Fiquei sem palavra, sem reação.
É, dessa vez algo em mim não esperava, nem pensei que poderia ocorrer um desses encontros inesperados que por algumas vezes esperei.
E a falta de expectativa trouxe o que eu não queria.
Aquele abraço forçado, aquele sorriso no rosto me abalou.
Como isso ainda poderia mexer comigo depois de tudo que eu passei? Depois das noites sem dormir, das lágrimas, da dor, do fundo do poço em que cheguei… Depois de tudo isso, estava ali, sem saber o que fazer, abalada emocionalmente.
Ingenuidade minha foi pensar que já tinha superado, que era forte suficiente pra encarar.
Ainda o amo.
Ainda sinto saudade.
Não sei até quando, talvez para sempre.

E mesmo assim, continuo acreditando que esse dia vai chegar, o dia do segundo sol, o dia em que O sol estará acima dum sol.


Camila Barros

Tinham Hipopótamos Entre Estranhas Nuvens Doloridas.

21 Mar

Não há mais nada pra ser dito e feito.
A sensação diz por si.
Sobra apenas aquele vazio.

 

 

 

 

 

 

 

Tinham Hipopótamos Entre                                     Estranhas Nuvens Doloridas.

Fotografias

27 Oct

Nessa noite que o sono me escapa resolvi olhar minhas fotografias, os momentos guardados num simples clique e que têm o poder de mexer com sentimentos de uma forma inexplicável.
E como olhar esses momentos e não ver nossos instantes? Impossível.
Em cada segundo e suspiro meu nesse tempo (que na distância parece que multiplica por 3 universos), você está presente e vivo em cada lembrança.
Entre um retrato e outro vi sorrisos, beijos, abraços e o amor mais profundo que já senti.
Também vi uma casinha que um dia chamei de minha e por um segundo parecia que eu estava lá novamente, conseguiria descrever cada cantinho. Lembrei de todas as vezes que chegávamos em casa com os pãezinhos e o peito de peru que tínhamos acabado de comprar na padaria; lembrei dos nossos cafés da manhã na mesa da sinuca que você sempre amou e eu aprendi a gostar também, assim como Family Guy e os Simpsons. Cafés sempre apressados pois a gente como sempre estava atrasado após enrolar mais uns 10 minutinhos na cama, 10 minutinhos que viravam 2 horas porque era tão bom nosso aconchego, nossa conchinha e só de estar do lado do outro, quietinho, já bastava, já valia o dia.
Passando por esses retratos vi um tão simples e que me marcou tanto – uma carinha de feliz que você desenhou em cima da minha triste e colocou um monte de coraçõezinhos, porque a gente vivia nessa contante onda senoidal, picos e vales e o amor ali sempre mais forte e incrivelmente suportando tudo.
Passei por fotografias do quarto, do que era o nosso quarto – da minha bagunça, pouco organizada que se misturava com a sua nada organizada. E que essa sua desorganização que as vezes me irritava por ser ainda maior que a minha, de alguma forma me encantava porque via ali um menino, o meu menino de quase 2 metros de altura que por trás dessa fortaleza escondia uma fragilidade, um olhar de quem já tinha batalhado e sofrido bastante, mas que carregava consigo a criança que nunca deixou de ser e que me fazia suspirar a cada bobeira, a cada sorriso, a cada vez que jogava Angry Birds e passava de fase, tão lindo, tão encantador.
E a cada letra que escrevo, uma lágrima cai. Se eu não morrer desidratada, juro que tomarei coragem de apertar o “enviar”, mesmo sem saber se essa é a atitude mais sensata – e quando foi que eu tive certeza mesmo? Acho que nunca.
Nessa viagem nostálgica também relembrei das nossas saídas, seja pra uma praia – e eu falando sempre que te achava lindo saindo da agua, ou pra uma noite na Melt, a gente dançando, cantando, se divertindo sem precisar de mais ninguém, apenas da companhia um do outro. Tão completo.
E que saudade, nossa, que saudade!
Dá um aperto no peito por pensar que amanhã eu não vou levantar e ir te encontrar pra gente almoçar juntos na Praia Vermelha ou comer nosso franguinho à Parmegiana de sempre. Dá um aperto por pensar que não vou ter a sensação de estar completa no mundo por tê-lo ao meu lado. Porque agora não tenho mais você ao meu lado.
E dói, dói demais.
É tão duro crescer e ter que tomar certas decisões na vida. Nunca pensei que essa vida de adulta e de responsabilidades seria tão díficil. Ter que escolher guiado não apenas pelo coração que tantas vezes é traiçoeiro, ter que se guiar pela razão, pelo o amanhã e pela tentativa de amenizar qualquer dor e decepção futura.
Não pense que é fácil, ainda mais pra mim que sempre fui guiada pela emoção, tantas vezes falando sem pensar, errando bastante por isso, mas fazendo tudo com a alma, com o coração.
Esse amor que todas essas fotos revelam, que todos os instantes arquivados mostram nem o tempo vai destruir.
Mesmo que outros amores apareçam, mesmo que a vida mude e me leve pra o outro lado do oceano, pra o outro lado dos 3 universos. O que eu sinto por você está aqui dentro de mim, um potinho que só quer ser feliz.

05 de agosto de 2012.

5 Aug

‘Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei…”

Caio Fernando Abreu.

30 de junho.

31 Jul

Nessa confusão que eu embarquei nada parece fazer sentido.
Me pergunto: “por que? Por que é tão difícil escolher um caminho e segui-lo sem olhar pra trás, sem dar aquela conferida só pra sentir que não há volta mesmo?”

Nunca gostei de escolhas, parece que se vamos num barco, perdemos o outro.
Parece não, a verdade é que é assim.
Entretanto, no fundo é mais fácil nos enganar, enrolar e enrolar, como se nesse meio tempo as coisas pudessem voltar ao normal, voltar a tudo que era antes ou ao que pensamos existir antes.
Nada se define, não há limites.
Até onde cobrar? Até onde pedir? Até onde engolir seco como se não tivesse lido ou escutado algo que a magoou?
Há muitas decepções, muitas palavras não ditas e pior: muitas ditas na hora errada.
Com esse meu espírito impulsivo eu sigo, as lágrimas escorrem e eu continuo seguindo, me arrependendo, me ferindo, mas continuo.
Nunca fiz por mal, nunca agi ou falei nada por mal.
Na maioria das vezes pra me proteger.
Fantasio demais. Compreendi isso.
Fantasio que tudo pode mudar, que o erro é meu, que o erro sou eu.
E se eu melhorar tudo melhorará.
Mas nem sempre é assim.
Nossos acertos não são reconhecidos e nossos erros são exaltados.

E no final, apesar de cada palavra ou pensamento, nada muda.
O amor permanece inabalável.
Tão grande que tira o folêgo.
E a esperança o acompanha dizendo: “Um dia tudo vai melhorar, acredite!”

Me apego nessa fé e vou.

23:56

Camila Barros.

Esperando por mim.

4 Jul

O tempo todo
Estou tentando me defender
Digam o que disserem
O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria
arrogância
Esperando por um pouco de afeição
Hoje não estava nada bem
Mas a tempestade me distrai
Gosto dos pingos de chuva
Dos relâmpagos e dos trovões

Legião Urbana 

02:00

4 Jul

Ia dizer que pensei em chorar, mas na verdade não – chorei e quando pensei, parei.
Sempre quis um auto controle que nunca tive e creio que agora ele chegou.
Estranhei. Não sou assim. Me desespero. Sofro. Choro. Grito. E insisto mesmo correndo o risco de errar e acontecer tudo novamente.
Dessa vez não.
Uma lágrima escorreu, os lábios começaram a tremer. A solidão bateu forte. Sintomas não muito desejáveis, nada desejáveis.
Mas segurei firme e parou por aí. Pelo menos externamente. 

Não digo que mais uma noite será perdida, pois ainda estou no começo.
Todavia, posso falar que menos uma lágrima será perdida e esse é só o começo.

Camila Barros